quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sobre a cirurgia - antes e após (Parte Três).

Após trocar de roupa, um enfermeiro me levou para uma outra sala mais para dentro do corredor, lá aguardei por mais ou menos vinte minutos. Era uma sala com duas camas e vários aparelhos médicos, apenas uma janela com grades - já não havia escapatória, caso eu mudasse de idéia. Muita gente passou por lá, poucos deram oi ou viraram o rosto, pessoas corridas naquele hospital.

Depois da espera, o mesmo enfermeiro me levou até uma outra sala ainda mais ao fundo, nesta havia uma mesa de operações com luzes sobre ela, um monitor e uma pancada de equipamentos, os quais as funções eu nem imagino. Fiquei lá por cerca de quinze minutos trocando idéia com uns enfermeiros que tentavam fazer o monitor cardíaco funcionar (sério, isso não foi nada animador), e foi quando entrou um médico mais de idade com uma seringa na mão. Ele me cumprimentou e começou a aplicar o conteúdo no tubo que estava no meu braço. Perguntei se já era a anestesia e ele disse que sim. Nada mais me lembro.

As coisas que já se passaram aconteceram por volta das oito horas da manhã. Acordei na enfermaria, com dores, outras roupas e completamente tonto mais ou menos umas três horas da tarde, ou quatro, não sei ao certo. Uma das piores coisas do mundo é acordar depois de uma cirurgia; você não tem a menor noção do que aconteceu e do que está acontecendo, sabe apenas que está deitado em algum lugar aleatório, está com dores por todo o corpo e existe uma estranha sensação de que todos seus órgãos mexem para o lado completamente oposto de qualquer direção que você tente virar. Acordei com uma puta vontade de mijar, só para descobrir que o efeito da anestesia não deixaria. O médico que me operou veio para dar explicações e blablablas, na necessidade perguntei se poderia ir ao banheiro urgentemente, ele disse que sim, mas que me daria uma medalha de saísse alguma coisa. Merda. Uma hora nessa agonia de bexiga cheia, o efeito passou e rolou um fim nisso.

Na enfermaria existiam seis camas, e quatro delas estavam ocupadas (contando comigo). Ao meu lado estava um garoto de uns dez anos recém saído da sala cirúrgica, apendicite. No canto oposto do cômodo estava um cara com um tubo enfiado no nariz que fazia sons estranhos de tempos em tempos, e uma parada muito estranha saía pelo tubo nesses momentos, sinceramente, não quis descobrir o que tinha rolado com ele. E num outro canto estava um senhor que também havia operado de apendicite, até que o velhinho era gente fina, apesar de ficar dormindo a maior parte do tempo. Os funcionários do hospital foram gente finas pra caralho comigo, acho que minha vó subornou eles em algum momento. O soro continuava no meu braço, estava lá desde a primeira sala, onde troquei a roupa pelo avental.

Fiquei no hospital até dez horas da noite, quando tive alta. Nesse meio tempo eu já tinha vomitado toda minha bile e tomado umas seis daquelas 'sacolas de soro', ou mais. Uma das chefes da enfermeira chegou com uma cadeira de rodas, onde sentei com um tico de esforço. Me levou até a saída, bem devagar. Chegamos ao estacionamento e entramos no carro. A parte hospitalar desse pé no saco tinha passado, agora só restava a recuperação.

Um comentário:

Jéssica Vaz' disse...

Devo dar ênfase aqui a minha surpresa..confesso que foi inesperado obter tantos detalhes do hospital e da cirurgia, já que sua memória tem mostrado-se não muito eficaz em alguns(vários)momentos.
Voltando ao assunto, agora tenho mais ou menos uma ideia do que você passou quando foi contemplado com uma "não muito legal" pedra na vesícula.
Beijo, amor.